terça-feira, 3 de junho de 2014

Fadista Gisela João estreia-se sexta-feira nos Estados Unidos

A fadista Gisela João, distinguida em abril com o Prémio José Afonso, estreia-se na próxima sexta-feira, nos Estados Unidos, com um espetáculo no New Jersey Museum, em Newark, no Estado de Nova Jérsia.

A atuação da fadista insere-se nas celebrações do Dia de Portugal, que se comemora na terça-feira, e o convite foi feito pelo representante permanente de Portugal nas Nações Unidas, embaixador Álvaro Mendonça e Moura, e pelo cônsul de Portugal em Newark, esclarece em comunicado a promotora.

No domingo, Gisela João atua no New Jersey Art Center, também em Newark, e, na segunda-feira, canta no Elebash Recital Hall, em Nova Iorque, onde em fevereiro passado atuaram o fadista Ricardo Ribeiro e o guitarrista Pedro Jóia.

Lusa

Mariza foi a voz da final de Lisboa




 Foi pela voz de Mariza que se ouviu o conhecido hino da Liga dos Campeões na final de Lisboa, no dia 24 de Maio num estádio da Luz completamente lotado e vista em todo o mundo por cerca de 380 milhões de espectadores.
  O jogo que opunha Real Madrid e Atlético de Madrid pelo título de campeão da Europa de 2013/2014 foi antecedido pela habitual cerimónia de abertura, em que Mariza interpretou o hino da Liga dos Campeões. Como é comum a cerimónia iniciou-se com as normais coreografias num estilo sempre de dança moderna, com imensos adereços coloridos chamativos, tudo sempre aludindo para tema que era a própria final. Depois de tudo isto Mariza pisou o relvado da Luz, não objectivando imitar o Cristiano Ronaldo no que melhor sabe fazer, mas sim para transmitir ao resto do mundo uma das melhores interpretações do hino da Liga dos Campeões alguma vez ouvidas, fazendo esquecer por momentos a ansiedade que muitos sentiam noo momento.
  Por entre todas as estrelas planetárias que pisaram o relvado da Luz naquela noite como Cristano Ronaldo, Lukas Modric ou Diego Costa, Mariza foi por minutos o foco de todas as atenções, criando um óptimo cenário para a começo do jogo levando a maior parte dos 61 mil adeptos presentes a uma enorme ovação.


NM



domingo, 1 de junho de 2014

Carlos Paredes





Carlos Paredes nasceu em Coimbra, a 16 de Fevereiro de 1925. Filho do famoso compositor e guitarrista Artur Paredes, neto de Gonçalo Paredes e bisneto de António Paredes, ambos guitarrista. Com as suas três gerações ligadas fortemente ao universo musical português e principalmente à guitarra portuguesa, parecia claro que desde cedo tinha o seu futuro traçado no mundo artístico.
  Apesar dos esforços da sua mãe para que opta-se pelo piano ou violino, Carlos Paredes começa aos quatro anos a estudar a guitarra portuguesa com o pai. “Em pequeno, a minha mãe, coitada, arranjou-me duas professoras de violino e piano. Eram senhoras muito cultas a quem devo a cultura musical que tenho” afirmou a propósito, na sua ultima entrevista.
  Decorria o ano de 1934, quando, acompanhado pela sua família, se mudam para Lisboa, deixando Coimbra para trás fisicamente mas nunca em pensamento. Abdica da aprendizagem do violino, focando-se por completo na guitarra portuguesa sobre a alçada do seu pai, revelaram-se os anos de determinação do seu estilo, como o próprio afirma, “Neste anos, creio que inventei muita coisa. Criei uma forma de tocar muito própria que é diferente da do meu pai e do meu avô".
  Em 1949, termina os estudos num colégio particular. Sem concluir o liceu, inscreveu-se nas aulas de canto da “Juventude Musical Portuguesa” e tornou-se funcionário administrativo do Hospital de São José. Durante 1958, por denúncia de colegas no Hospital de São José, é preso pela PIDE devido a fazer oposição a Salazar, pela alegação de pertencer ao Partido Comunista, do qual era efectivamente militante. Durante este período de encarceramento, deambulava continuamente na sua cela de um lado para o outro fazendo que tocava musica, isto fez com que os outros presidiários o classificassem de louco, não entendo o génio de Carlos Paredes assumiam este processo como loucura, ao invés do processo de criação musical que realmente era. Decorrido um ano é libertado e na sequência do julgamento é expulso da função pública. Quando voltava ao Hospital a sua mágoa era evidente, havia sido denunciado por pessoas que julgara serem seus amigos e companheiros, Rosa Semião recorda-se: “Para ele foi uma traição, ter sido denunciado por um colega de trabalho do hospital. E contudo, mais tarde, ao cruzar-se com um dos homens que o denunciou, não deixou de o cumprimentar, revelando uma enorme capacidade de perdoar!”
  Convidado pelo realizador Paulo Rocha, em 1962, compôs a banda sonora do filme “Verdes Anos” (onde está inserido o tema “Verdes Anos”, até hoje um dos temas mais conhecidos de toda a musica nacional),  “Muitos jovens vinham de outras terras para tentarem a sorte em Lisboa. Isso tinha para mim um grande interesse humano e serviu de inspiração a muitas das minhas músicas. Eram jovens completamente marginalizados, empregadas domésticas, de lojas - Eram precisamente essas pessoas com que eu simpatizava profundamente, pela sua simplicidade”, disse Carlos Paredes sobre a longa-metragem, acabando por mais tarde receber reconhecimento especial por “Os Verdes anos”.
  Tocou com muitos artistas, incluindo Charlie Haden, Adriano Correia de Oliveira e Carlos do Carmo. Escreveu muitas músicas para filmes e em 1967 gravou o seu primeiro LP "Guitarra Portuguesa".
  Depois da revolução de 74, aquando da libertação dos presos políticos, estes eram vistos como heróis. No entanto, Carlos Paredes sempre recusou esse estatuto, dado pelo povo. Sobre o tempo que foi preso nunca gostou muito de comentar. Dizia «que havia pessoas, que sofreram mais do que eu!». Acabando por ser reintegrado no quadro do Hospital de São José e percorrer o país, actuando em sessões culturais, musicais e políticas em simultâneo, mantendo sempre uma vida simples, e por incrível que possa parecer, a sua profissão de arquivista de radiografias. Várias compilações de gravações de Carlos Paredes são editadas, estando desde 2003 a sua obra completa reunida numa caixa de oito CDs.
  A sua paixão pela guitarra era tanta que, numa ocasião, a sua guitarra perdeu-se numa viagem de avião e acabou por confessar a um amigo que “pensou em se suicidar”.
  Uma doença do sistema nervoso central (mielopatia), impediu-o de tocar durante os últimos 11 anos da sua vida. Morreu a 23 de Julho de2004 na Fundação Lar Nossa Senhora da Saúde em Lisboa, sendo decretado Luto Nacional.
  Foi um dos maiores e mais marcantes compositores e guitarristas portugueses. Marcou o mundo da música, politica e da cultura portuguesa. O grande mestre da guitarra de Coimbra, que vai para além da influência dos seus antepassados, tocando todas e quaisquer gerações vindouras.


"Quando eu morrer, morre a guitarra também.
O meu pai dizia que, quando morresse, queria que lhe partissem a guitarra e a enterrassem com ele.
Eu desejaria fazer o mesmo. Se eu tiver de morrer.”






Carlos Paredes


NM

sábado, 31 de maio de 2014

Dina Valério em Entrevista

   





     Dina Valério, fadista alentejana, mais propriamente da cidade de Portalegre, começou a sua carreira por incentivo dos mais chegados. Com a ajuda de programas de televisão como o "Grande Prémio do Fado" na RTP, Dina alcança assim um vasto público de ouvintes e amantes de Fado, que a convidam para participar em inúmeras noites de fado em todo o país, bem como até na Holanda, onde Dina já teve o prazer de cantar. Com um trabalho discográfico, Dina Valério canta onde a convidam e é assim ela uma das grandes fadistas alentejanas, que muito promete à Canção Nacional.

Quem é a Dina Valério?
"Dina Valério é a Dina Valério. Aquele que todos vêm no Continente de Portalegre, em algumas noites de fado, nas ruas da cidade de Portalegre... Sou sempre a mesma, sempre igual. Sorridente, alegre e simpática, sou eu, a Dina, posso dizer até que sou sorridente... com lágrimas ocultas." Lágrimas ocultas, que Dina Valério cantou, gravou e espalhou. Isto porque é também esta expressão tema inédito desta fadista e ainda nome do seu primeiro tarbalho discográfico lançado no dia 1 de Fevereiro deste mesmo ano.

O fado faz parte da tua vida?
"O fado faz parte de mim... sim, faz parte da minha vida. Acho até que antes de ter nascido o fado já fazia parte de mim, e eu já estaria predestinada ao fado."

Quando é que o descobriste?
"Pois, isso foi desde muito cedo, eu sou amante de fado, isto porque já a minha mãe cantava, e bem, embora nunca tivesse dado este salto como eu tentei dar e penso ter conseguido. Cantá-lo começei talvez um pouco tarde, mas acredito que assim estaria destinada a começá-lo tarde."

Sentes necessidade em cantá-lo?
"Sim, claro que sim, primeiro que tudo até sinto a necessidade de cantar. De cantar e de sorrir, todos os dias! O fado, sim, é o fado, expressa aquilo que me vai na alma..."

O fado é para ti um estado de alma?
"Sim, também. Não creio que as pessoas cantem da mesma forma um fado de amores e desamores quando nunca passaram por essa experiência, como uma miúda cantar um fado do amor de mãe, quando nunca passou por isso, mas sim, é sem dúvida quando nós passamos por uma determinada experiência, cantar isso mesmo num fado é ... é fado!"

O que esperas do teu trabalho em conjunto com este teu CD?
"Espero que tudo na minha careeira, vá devagar, com amor, humildade, mas que consiga sem dúvida chegar ao meu público, às pessoas, de maneira a que tenha valor nelas e que eu própria consiga estimar e provar que mereço o amor e carinho que elas me dão."

Quem são as tuas referências no fado?
"Primeiramente são as fadistas mais antigas, a grande diva Amália Rodrigues,e  também a grande fadista da minha terra, de Portalegre, a grande fadista que todos devemos lembrar, a Lucília do Carmo."

O que prometes tu, como fadista, ao público que gosta de ouvir a Dina Valério?
"Não prometo nada que não possa cumprir, prometo apenas dar o meu melhor, seguir em frente até puder, com amor, carinho, humildade, junto de todos aqueles que gostam de mim, que me ouvem e que me dão "asas" para ser eu, para ser a Dina e a fadista Dina, que sendo elas a mesma pessoa, serão sempre muito amantes das raízes como da cidade de Portalegre e da canção portuguesa, o nosso Fado. "


LC



quinta-feira, 29 de maio de 2014

Crónica: O Deus português da guitarra caiu no esquecimento de muitos.


  Ao pensar na música tipicamente portuguesa, não consigo evitar o pensamento instintivo, de quem foram realmente os verdadeiros mentores ou impulsionadores de toda esta nossa cultura musical a nível nacional. Lembro-me sempre dos mesmos três: a Diva do Fado, que deu o Fado a conhecer ao mundo, Amália Rodrigues; o impulsionador da revolução de Abril com a sua música de intervenção, José Afonso (Zeca Afonso) e por último o mestre das cordas, aquele que dominava a guitarra portuguesa como ninguém, Carlos Paredes. Todos eles, são sem dúvida genialidades musicais, cada um à sua maneira, tendo eles em comum, uma tremenda e rara capacidade de composição e interpretação das suas músicas. São também os únicos três nomes que reúnem toda uma nação, passo a explicar, não há português algum que não goste do trabalho destes três génios. Atrever-me-ia a afirmar, de um modo um pouco arrogante, que todo e qualquer português denutre de um certo prazer ao ouvir estes génios.
  Contudo, apesar de toda esta união de apreço nacional, parece-me que Carlos Paredes é deixado um pouco de parte pela sociedade. Passo a explicar, tenho 22 anos e muitas das pessoas por volta da minha idade não fazem sequer ideia de quem foi Carlos Paredes, quer musicalmente, quer ao nível da sociedade portuguesa em si. Desconhecem que Paredes foi um preso político, que compôs por exemplo a musica “Verdes anos”, e apesar de já a terem escutado centenas de vezes na televisão ou rádio, não sabem quem é o autor, nem quem está por detrás daquela guitarra portuguesa fazendo tais acordes.  De quem é culpa desta falta de cultura nacional das gerações que assumiram as rédeas do país num futuro próximo? É as televisões? Da rádio? Das gerações passadas que se esqueceram de transmitir este génio português aos mais novos? Não sei, talvez de todos, ou talvez seja eu que me encontro equivocado e não exista uma real necessidade nesta sociedade de transmitir cultura de geração em geração, não sei… Mas ao menos com o feriado do 25 de Abril e o dia do Fado aí todos os anos, Zeca Afonso e a Amália, serão relembrados todos os anos nem que seja só por um dia. Parece que o deus português da guitarra caiu no esquecimento, mas ao fim ao cabo, dois em três nem parece assim tão mau.
  


  NM

Ricardo Ribeiro em Cartaxo






     Ricardo Ribeiro vai estar no dia 14 de Junho pelas 21horas no Centro Cultural do Cartaxo. 
     A nova e promissora voz do fado, segundo alguns dos mestres da canção nacional, não deixa de lado a sua carreira, e continua a levar a sua voz a todo o lado. Para muitos o "mauriciano", de nome Ricardo Ribeiro, vai assim cantar para um novo público numa localidade diferente do costume, sendo que no entanto os seus normais admiradores o vão seguir até ao Cartaxo e apoiá-lo tal e qual como ele precisa, adiantam muitas das suas fãs incondicionais na sua página de fãs no facebook. 





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